domingo, 29 de abril de 2007

O que é verdadeira comunhão


Após um longo “silêncio”, volto a escrever, pensando em cada um de vocês. Peço ao Espírito Santo que me oriente a ponto de colocar com clareza aquilo que estou sentindo.

“A multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma”. (At 4, 32)

“Pois assim como num só corpo temos muitos membros, de modo análogo, nós somos muitos e formamos um só corpo em Cristo, sendo membros uns dos outros. Tendo porém dons diferentes, SEGUNDO A GRAÇA QUE NOS É DADA”. (Rm 12, 4a. 5-6a)

Um questionamento é constante em mim... “Senhor, o que é ser um?” E como posso ser um com o que tenho? Aprendi uma coisa interessante durante esse tempo:
Muitas vezes abraçamos o “utópico” da unidade e perdemos oportunidades concretas de sermos um, entendendo que Deus dá uma graça particular, através das nossas diferenças e da situação em que vivemos, para sermos então “uma só alma”.
Como vivi isso no concreto?
Nesse ano me mudei para São Paulo. Um novo chamado, ser Aliança de Misericórdia.
Novos desafios, o sentir Deus moldando e formando, mas com algumas dores: como ser um com aqueles que ficaram? Como estar presente nos amigos, na Universidade, na família, se meus antigos meios de me comunicar são escassos? “Tô eu aqui, querendo viver ‘essa tal de unidade’, mas nem entrar no blog que fala de unidade eu consigo!!!” Um mês sem dar notícias ao meu melhor amigo! Um milhão e meio de coisas acontecendo e a incapacidade de partilhar...

Dores e questionamentos que só se transformaram quando fui entendendo uma coisa – a medida que acolhemos a vontade de Deus no momento presente, damos também a oportunidade de Deus confiar em nós , para que Ele aja gerando unidade na Sua Igreja. A graça que me foi dada era a de tentar me comunicar de um outro jeito...
Não ter um computador virou conversão; a vida nova, nova forma de amar.

Um cardeal católico do Vietnã, Sr. Van Thuan, passou 13 anos preso, sem contato algum além de soldados comunistas e sem oportunidades de se encontrar como Igreja. Ele descreve esse tempo como um dos mais fecundos de sua vida, escrevendo livros e aprendendo: “Escolho a Deus e não às obras de Deus”.E nesse abandono sua missão foi ficando mais clara. Seus valores ainda mais fortes.

Se Deus nos chama a fazer comunhão, aproveitemos cada instante! Da maneira que temos! Olhando para Deus e não só para o que posso ou não fazer naquele momento...
Na rua, nas conversas, em oração, sou capaz de enxergar que nossa vida é OPORTUNIDADE antes de ser empecilho, e que Ele nos possibilita a comunhão em tudo e todos, até nos imprevistos!
A falta dos e-mails, do tempo na Internet me fez mais próxima do Rê, do André, do Gustavo e de cada um, de uma outra forma: pelos nossos desejos, pensamentos e orações. Talvez nunca mais consiga tê-los próximos como os sinto hoje. Não por palavras, mas pelo coração voltado para o mesmo ideal. Sejam um! Foi o último apelo de Cristo. Nesse pulsar sinto vocês comigo, e o próprio Jesus tecendo as nossas vidas para uma comunhão onde antes só se via pontos isolados, ou um pequeno “denominador comum”. Não é isso!
Cada vez que coloco de lado uma idéia só minha,
Cada vez que vivo o momento presente, com amor,
desejando fazer a vontade de Deus;
Cada vez que me torno desejo (sede!) antes de ser “grupo” e ação,
Seja qual for a situação, ou lugar...
Abro-me à verdadeira comunhão.
E sou comunhão, em Jesus.

E que seja Ele a nos dar passos largos e olhar atentos, para viver essa nossa vida, com unidade e intensamente!


Um comentário:

lisieux disse...

Parabéns moça do nome bonito (como o da minha terceira filha, cujo nome só difere nos dois nn e no z = Anna Luíza)... É isso mesmo! Unidade é estado de alma, não apenas contato visual, físico, ou por email. Unidade é compromisso com DEUS, não com os homens/mulheres somente. Unidade é ser, acima de tudo, uma só fé e um só coração, em Cristo Jesus.
Bjokas e uma vida ricamente abençoada aí em São Paulo.
lis