terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Meus questionamentos, meus motivos...

"No essencial a unidade,
no acidental a liberdade,
em tudo a caridade..."

Esse pensamento de Santo Agostinho resume perfeitamente o que tenho sentido com relação à minha aproximação de outros cristãos. Mesmo que em alguns olhares eu perceba certo julgamento da minha pessoa, como se pensassem: "Esse garoto confunde as coisas, está buscando viver um sincretismo religioso!". E isso não é verdade, definitivamente!

Tenho conversado muito com o Gustavo na intenção de solidificar nossos argumentos em favor da unidade cristã. Temos certeza de que o cristianismo é a verdade que nos move. Não desprezando as outras religiões, mas os cristãos têm condições para viverem a unidade plena que Jesus suplicou ao Pai em oração. Justamente por sermos conhecedores da verdade que nos liberta. E a verdade é que formos criados à imagem e semelhança de Deus, que em infinito amor nos promoveu a sermos filhos seus. Pelo pecado original rejeitamos essa filiação, pelo sacrifício de Jesus temos novamente acesso ao Pai e nos tornamos irmãos.

Somos irmãos também dos filhos de Deus que estão em outras religiões, mas não temos condições de viver em plena unidade pelo fato de não concordarmos naquilo que é o mais essencial do cristão: Jesus que é caminho, verdade e vida. Mas não podemos esquecer que essencial do cristianismo também é a caridade, que simplesmente não olha a quem é direcionada. Dessa forma, pela caridade, nós podemos viver certa comunhão com os irmãos de outras religiões, e penso que é a partir desse nível de comunhão que podemos testemunhar a verdade que é Cristo.

Ser cristão não é ser melhor que os outros! Ser cristão é ser escolhido, pela Graça do Pai, para testemunhar o seu amor aqui na terra. Isso não nos faz mais ou menos que as demais pessoas. Isso, sim, nos dá mais motivos para glorificar a Deus e sermos humildes ao reconhecer a nossa miséria e condição de pecador. Percebemos que por nós mesmo não somos e não podemos fazer nada de bom, não é isso Fiote?

Tenho pensado que uma dos maiores testemunhos do amor de Deus é o amor entre os cristãos. Não anuciaremos Cristo pelo fato de sermos bons, porque realmente não somos! Continuamos miseráveis como todo ser humano, isso é um fato! E por isso as pessoas que estão em nossa volta, muitas vezes não entendem a nossa defesa de determinadas doutrinas, ou nossa pregação do evangelho. Mas uma coisa elas entendem: o amor. Ou melhor, o amor não se entende, simplesmente atinge o mais íntimo do nosso ser, alimenta o nosso sentido de vida e nos convida a abrir as portas do coração para a verdade. Por isso é responsabilidade dos cristãos testemunharem esse amor essencial à nossa religião.

Muitas vezes nos desculpamos dizendo que por buscar a verdade não podemos admitir algumas atitudes que presenciamos na sociedade. Concordo plenamente de que devemos condenar sim o pecado, mas como Jesus sempre fazia, não devemos condenar o pecador. Jesus teve realmente uma postura muito firme na defesa da verdade, mas isso não o impedia de olhar com amor para TODOS! Após condenar a hipocrisia dos fariseus, Jesus era capaz de abraçá-los e beijá-los em nome do amor de Deus pelos seus filhos. Será que somos capazes de abraçar e beijar aqueles que praticam atos condenáveis?

Em minha opinião o que mais contra testemunha a Boa Nova de Cristo é a falta de amor entre seus seguidores. Como posso ser seguidor Daquele que foi simplesmente o próprio amor aqui na terra não buscando também ser esse amor? Como não enxergar nos outros cristãos o próprio Cristo e portanto amá-los da mesma forma, louca, que Jesus amava seus seguidores? Como a sociedade acreditará no amor transformador de Deus se não perceber que os conhecedores dessa verdade se amam por terem sido transformados? Se alguém consegue responder as essas perguntas, por favor, me esclareça e assim deixarei de ser um lutador pela unidade dos justificados pelo sangue de Jesus.

O que me move é saber que esses questionamentos NUNCA serão respondidos! Caso contrário o cristianismo perderia sua essência. É com essa certeza que digo SIM à unidade dos cristãos e digo SIM ao chamado que Deus me faz de lutar por ela. Divergências de pensamentos não serão capazes de quebrar a unidade de espírito que já nos foi dada, por graça, pelo amor misericordioso e justo de Deus!

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Eu na missa

Cheguei meio de mansinho. Era um evento especial. Centenas e centenas de pessoas de várias regiões de minas para o Seara, um evento organizado pela RCC em Viçosa. E eu lá, no meio deles. Cheguei no lugar da celebração antes da missa. Procurei meus amigos, mas não os achava. Até que um querido irmão me mostrou onde eles estavam. O alívio foi imediato.

Conversa vai, papo vem e chega a hora da missa. Era a segunda vez que eu participava de uma celebração que não fosse entre protestantes. Quando tudo começou achei diferente. Nos momentos músicais, as pessoas levantavam seus braços de forma sincrônica, como um enorme grupo de dança. Bom, eu como um tradicional chato, fiquei só observando, mas gostando! De vez enquando eu olhava para expressões faciais do fiéis. Me impressionava! Em cada frase dita pela celebrante, um sentido verdadeiro que me conduzia à adoração. Na invocação da Trindade, a familiaridade: as diferenças já não eram importantes naquele instante.

Mas o momento marcante foi a no ato penitencial. Foi quando orei a Deus com a sensação de centenas de irmãos concordando comigo, mesmo eles não sabendo quem eu era. Foi quando reconheci a bondade misericordia de Deus, porém, de forma mais forte, uma vez que estava rodeados de irmãos que, se me olhavam, me viam como parte da mesma família da fé. Foi emocionante.

Enfim, um momento especial. Primeiro pela adoração, segundo, por estar em comunhão com amigos e, em terceiro, por experimentar da Graça de Deus num lugar diferente para mim. Como disse o salmista, o pardão encontrou casa e a andorinha ninho para sí. E eu, Senhor, encontrei os teus altares, num lugar onde outrora não imaginava.

Doce diferença!

Daniel, Gustavo (eu mesmo), Renato, Ana Luisa e André

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

A Caminho

Hoje gostaria de partilhar com todos vocês algo muito renovador, é sobre a unidade que tem me transformado a cada dia, me moldado um cristão pelas mãos de amigos que carregam em suas costas uma cruz e no coração diversos carismas e dons.

Em especial, tive uma experiência no Seara (encontro aberto de carnaval organizado pela Renovação Carismática Católica de Viçosa) , onde descobri uma comunidade missionária das Combonianas. Esta busca viver o evangelho em povos discriminados e dilacerados em todos os continentes, seu fundador é Daniel Comboni, considerado por nós católicos santo e pelos irmãos evangélicos um ser digno de respeito e missão. Levado pela curiosidade disse querer conhecer o trabalho das missionárias, a irmã com quem conversei foi missionária na África. A indaguei sobre a conciliação da cultura daqueles povos atendidos e a religião! Ela me respondeu com um sorriso todo tímido que não se preocupavam em dizer sobre Jesus, mas apenas se atentavam em viver Jesus. E como seriam o relacionamento entre todas aquelas religiões? Ela me respondeu que tinham um pouco de dificuldade de relacionamento com os muçulmanos; e os evangélicos, perguntei eu? Ela mais um vez sorrindo me respondeu: “São nossos irmãos em Cristo”.

Como é bom saber que viver Jesus corresponde a amar os irmãos evangélicos e que na missão todos somos um em Cristo, é bom descobrir que o nosso maior problema é levar a Palavra àqueles que não crêem na Palavra.
Mantenham entre vocês laços de paz, para conservar a unidade do Espírito. Há um só corpo e um Espírito, assim como a vocação de vocês os chamou a uma só esperança: há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que age por meio de todos e está presente em todos.
(Efésios 4, 1-6)
...
Obrigado Senhor por suscitar em nossa geração a necessidade de caminharmos juntos para que juntos nos esvaziemos de nossos títulos em nome de sua Palavra.
Nos instrua e nos guarde nessa missão.
AMÉM!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Ser íntegro, sem reservas...

A integridade é uma condição para a perfeição humana que Jesus nos chama a viver. Não é fácil ser inteiro nos meus relacionamentos!
Estou sempre tentando deixar um lado reservado para que, caso aconteça uma decepção, eu tenha onde me agarrar.
Penso que para se viver a unidade, sonhada por Jesus, essa reserva não deve existir!
Não dá pra experimentar do amor verdadeiro, ou a própria unidade, se não tiver totalmente entregue nos meus relacionamentos.
Não falo sobre confiança em homens, mas falo sobre um abandono total nos braços do Pai que é o próprio amor que transborda através de nós.
Falo sobre o carregar a cruz, falo do não fugir do sofrimento inevitável na concretização do amor aqui na terra...
Falo sobre a abertura de coração, uma confiança cega na misericórdia e providência divina.
Muitas vezes eu escondo de outros cristãos quem realmente sou.
Talvez por medo de ser incompreendido ou vergonha de ser pecador.
O meu orgulho fala mais alto e não me dou a oportunidade de ser realmente humano.
Santo Agostinho dizia que a perfeição humana consiste em saber que não somos perfeitos.
Hoje tenho aprendido que para ser compreendido na minha humanidade preciso me mostrar totalmente.
Não será possível uma vivência plena da unidade enquanto eu me fechar e deixar aparecer só o meu lado que considero bom.
Preciso ter consciência que o meu “lado ruim”, faz parte da minha natureza humana, e pela graça pode ser transformada em amor...
Não consigo entender, mas confio que do meu nada Deus pode tudo...
Da minha miséria pode surgir vida, e vida em abundância...
Que o próprio Deus nos ensine a assumir a nosso “posto” de criatura e não fugir de toda a pequenez própria de criatura!
Que o próprio Deus nos ajude a viver confiantes de que mostrar nossa verdade, ao contrário do que a cabeça pensa, pode até assustar algumas pessoas, mas é uma condição para que vivamos a unidade plena nos nossos relacionamentos!
Que caiam as nossas máscaras!
Sejamos integralmente humanos!
Sejamos nós mesmos!
Sejamos o amor através de nós!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

A Voz que me chama

Poucas palavras são necessárias para explicar essa aproximação entre cristãos. As definições limitam, contradizem, ou seja, trazem mais motivos para divisões. Cada palavra merece atenção. Todo cuidado se torna pouco.

Aproximar é reconhecer. É entender que o outro é digno de atenção. Quando católicos e protestantes vêem Cristo um no outro, não dá para se restringir em guetos onde todos são iguais, mas pelo contrário, somos constrangidos a sair da nossa zona de conforto e sermos "atingidos" pela diferença.

O constrangimento do amor é mais importante que o desconforto das discussões doutrinárias. Entendemos que estas são importantes, mas não essenciais. A essência é a CRUZ, o poder do evangelho; a Graça de Cristo, o amor do Pai vivido pelos seus; a companhia e o desfrutar contínuo do Espírito Santo.

Jesus conversando certa vez com seus discipulos, afirmou: "
Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor." (João 10:16). O nosso mestre assim falava para os seus discipulos sobre os gentios, que foram alcançados após a descida do Espírito Santo.

Por muitas vezes pensei: somos nós, católicos e protestantes, pertencentes ao mesmo pastor, mas de apriscos diferentes? Se eu olhar pelas nossas diferenças, afirmaria que somos de apriscos diferentes. Bom, melhor assim do que sugerir que o outro não pertence ao Supremo Pastor. Mas quando olho e penso naquele que nos une, concluo que somos do mesmo aprisco.

Contudo, esse aprisco é grande demais. Muito diversificado, com pessoas com diferenças, mas com uma grande e importante coisa que os faz do mesmo aprisco: o reconhecimento da VOZ DO PASTOR, O CRISTO.

Que maravilha! Que poderosa conclusão! Celebremos então, juntos, católicos e protestantes, cristãos de todas as nações, essa doce voz que nos chama a sermos UM, como há um só Corpo, uma só fé e um só Senhor (Efesios 4).

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Vivendo desafios humanizantes, amizades sinceras...

Desde de 2004 tenho tentando viver de forma harmoniosa com cristãos não-católicos. Ainda nesse ano percebi que Deus me chamava a viver verdadeiramente o Ecumenismo. Toda a abertura de coração começou por causa da postura de um carioca que me incomodou profundamente...
Me lembro muito bem do dia que o Dani (protestante e hoje um grande amigo) me tratou com tanta dignidade que fiquei bolado. Foi uma atitude super simples que desencadeou uma série de questionamentos em mim mesmo:
“Como seria o relacionamento dele com Deus?” ou melhor...
“Que Deus era esse que parecia impulsionar o Dani a querer estar junto de um cara que não era da sua religião?”
O que incomodava é que eu sentia que ele não queria me “converter”, ele simplesmente disse:

Cara, a gente abre espaço pra vcs tocarem também!

Incomodava pensar que ele nem perguntou qual era minha religião...
E esse incômodo gerou em mim uma curiosidade...
Quem era esse Daniel que se comportava como Jesus?
Daí comecei a insistir em e-mails, troca de idéias no RU (Restaurante Universitário), depois veio o MSN e hoje temos uma relação muito saudável. Tenho um grande amigo, que muitas vezes é usado por Deus na minha vida de uma forma extraordinária.
A amizade com o Dani tem crescido e a enxergo como um belo desafio que tem sido vencido a cada dia. Somos bem diferentes, no entanto, desde o início entendemos que no essencial somos um. Existe um Deus que nos une!
Bom, os desafios só estavam começando...

É “engraçado” como Deus encaminha as coisas para que eu não me distancie do chamado primeiro que Ele me fez. Está sempre colocando oportunidades para eu viver a unidade suplicada por Jesus.
Pelo Dani entrei em contato com o pessoal da ABU (Aliança Bíblica Universitária) que é um grupo evangélico interdenominacional que tem como lema “Estudante evangelizando estudante” e pra isso usam de variados meios como estudos bíblicos, vídeo-debates e outros...
Conheci outros cristãos tão acolhedores como o Dani e outros não tão acolhedores assim, mas o legal é que passei a não me importar negativamente com a desconfiança que alguns tinham, entendendo que assim como eu era repleto de pré-conceitos outros podem tê-los também.
Quero mencionar um exemplo (quando ele ler esse texto vai até se surpreender): O Marquinho (Marcos Nazareh que é presbiteriano) me pareceu ser intolerante e descofiado quando o conheci. E graças a Deus tive a oportunidade de fazer duas matérias comuns às dele e desfrutar da sua companhia por um período e como foi bom! Quebrei mais pré-conceitos...
Quando ouvi o Marquinho falando sobre algumas dificuldades que ele tinha eu não acreditei. Foi como ver um gigante chorar...
Pude ver o quanto Jesus trabalha a humildade e consciência da própria pequenez naqueles que o seguem... Foi extremamente edificante, para mim, ouvir algumas confissões do Marquinho e entender que eu não era o único que sofria no mundo...
E nunca esquecerei do dia em que ele me disse:

Pode nossa convivência terminar por aqui, mas o que descobri com nossa amizade não vai me deixar olhar para os católicos da mesma forma que eu olhava antes...

Essa frase me marcou profundamente. Quando estou meio desanimando na minha caminhada lembro-me dela e decido, novamente, a seguir no caminho da unidade.

Ultimamente tenho tido uma amizade muito enriquecedora com o Gustavo (Presbiteriano e vice-presidente da ABU-Viçosa), um dos autores desse blog. O Fiote, como o chamo, tem sido um exemplo no que diz respeito ao cuidado com as palavras. Ele sempre está buscando entender mais profundamente o que digo e está sempre preocupado se estou entendendo o que ele quer dizer...
Temos crescido muito! E vejo, claramente, o quanto Deus tem agido através dele para concretizar seu plano de unidade na sociedade.
O Gustavo me disse que quando ouvia falar de mim como um católico muito temente a Deus ele logo pensava que eu fosse um católico rebelde, daqueles que não acredita em santos, Maria e outros pontos fortes da doutrina católica. Nos conhecemos, começamos a conversar até que um dia ele me perguntou sobre essas coisas e depois de longas conversas eu o perguntei: “Vc acha que minha fé católica tem me impedido de viver o essência do cristianismo?”. A partir daí começamos a entender que muitas vezes nos apegamos a determinados textos bíblicos para exaltar nossas diferenças e nos preocupamos pouco em viver o essencial: amor!
Da mesma forma como o Fiote tinha os pré-conceitos dele eu também tinha os meus.
Um dia virei pra ele e disse: “Não entra na minha cabeça essa tal de doutrina da pré-destinação tão exaltada por Calvino!”... E ele me dispôs a explicar o significado dessa doutrina na vida dele... Vixe... Quase chorei! Por mais que eu não concorde com a doutrina em si, tive que reconhecer como ela estava sendo usada para aproximar o Gustavo da essência do evangelho. A partir desse dia entendi mais da incapacidade das palavras. Eu não compreendo as palavras da pré-destinação, mas pude experimentar de algo muito novo e estranho, eu vi sentido nelas pelo testemunho do Gustavo. Espero que um dia ele mesmo fale sobre essa questão da incapacidade das palavras...
Outra coisa que tenho observado com a nossa amizade é que não precisamos ficar falando sobre o desejo de viver a unidade. A nossa unidade já fala por ela mesma! É notável como as pessoas à nossa volta, de certa forma, são atingidas pelo desejo de viver a essência do evangelho e por nosso destemor em sermos constrangidos pela diferença do outro.

Obrigado amigos, por me darem companhias tão cheias de Deus...
Conto com vocês para vencer outros desafios que virão...
E eles virão!
Mas temos um Deus de milagres que trabalha por nós.
Esperemos e confiemos em sua Graça e ajamos como “pequenos Cristos”!


* Esses três exemplos são uma pequena parte do que tenho vivido desde que me decidi ser um autêntico ecumênico. Com certeza, as amizades que tenho tido com cristãos católicos e não-católicos dariam um belo livro...

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Buscando Ousadia...

Hoje acordei ‘feliz sem motivo’...
Quero aproveitar este estado de espírito para partilhar e buscar entender algumas coisas - daquelas que povoam nossos pensamentos, mas que de alguma forma, vamos deixando passar, sem que isso crie raízes em nós... Pura tentativa de que os sentimentos mais essenciais não se percam na correria, ou nas lutas que enfrentamos diariamente! Meditava sobre como é preciso coragem, garra mesmo, para crescer no relacionamento com os que estão ao nosso redor...

É quase impossível passar um dia que seja, sem estar com outra pessoa, ter que ouvir, debater, perguntar, abraçar, etc. E unir-se a estas pessoas pode trazer muita alegria, gerar novidade, “fazer a vida valer a pena”... ou não. O que faz a mesma vida ter possibilidades tão antagônicas? O que me leva a ver uma situação como totalmente perdida, onde um outro percebe uma grande possibilidade?
Se olharmos para Deus, veríamos algumas respostas...
Na Sua presença, nossas escolhas (pequenas ou grandes) vão deixando de ser só nossas; o olhar se amplia e novas opções vão surgindo. O que temos é mais intenso e adquirimos uma visão que alcança a mim, ao outro, além...

Assim, n’Ele, o que antes era dor profunda virou possibilidade de expiação, o que era obrigação pode virar prazer, na medida da criatividade do Amor de Deus.
Simples isso??? Ao contrário! É preciso aprender a se abandonar e querer viver o diferente todo dia!! E sempre mais...

Li por acaso essa frase:
A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade”. Arthur Shopenhauer. Achei interessante duas palavras opostas tão pertinho. A prudência como um reconhecer de si e do que está ao redor, não nos impede de vivermos o novo! Após essa consciência, o que nos faz felizes é abrirmos outras portas, ir além de onde pensávamos a princípio.
Um exemplo de ousadia? Como Deus foi ousado na nossa criação! Fazer-nos assim, cheio de possibilidades e ainda dotados de liberdade! Quantos cristãos desafiaram o próprio tempo e se lançaram no ‘conhecido-desconhecido’, saindo da experiência muito melhores, sendo exemplos até hoje!

Não canso de rogar ao Pai por esse tipo de postura também para a nossa geração...

Não é por acaso que o ‘sermos um’ está tão próximo da ousadia: é preciso a coragem dos novos passos para uma nova realidade!

Que tal nos unirmos nisso: ousar no caminho diário, em nossas escolhas e em tudo mais que nos leve a viver mais fielmente o amor de Cristo?

Ah! Na foto, crianças da Favela do Moinho, em SP, que ousaram sorrir e partilhar juntas de uma brincadeira, ainda que muitos acreditem que na miséria em que vivem, o máximo que poderia acontecer eram muitas lágrimas...