quinta-feira, 12 de julho de 2007

Carta aberta ao amigo Gustavo...

Fiote, meu grande amigo!
Sei o quanto mexeu com vc o documento “RESPOSTAS A QUESTÕES RELATIVAS A ALGUNS ASPECTOS DA DOUTRINA SOBRE A IGREJA”, divulgado essa semana pelo Vaticano.
Quero dizer que compartilho a sua angustia. Não é fácil tomar conhecimento de um texto que antes mesmo de ser aberto ao público já começava a ser motivo de mais divisões entre cristãos.
Dói...
Enquanto católico, confesso que não tive nenhuma surpresa ao ler o documento. De fato, trata-se apenas de um esclarecimento da doutrina católica, “nada mais”!
Da forma como alguns jornalistas divulgaram parecia-me que o VATICANO II ia ser lançado na fogueira, mas não aconteceu nada disso... Graças a Deus!
Eu tenho certeza que, pelo sentimento no meu coração e imagino que vc também o sinta, a nossa unidade está muito além de uma unicidade institucional.
Nós sabemos bem que as doutrinas não têm a mesma eficiência que o próprio Deus tem para comunicar a sua mensagem e graça a nós...
Sinceramente, não acredito que a intenção do Papa Bento XVI seja de jogar um balde de água fria em nós que buscamos viver o verdadeiro ecumenismo.
Pelo contrário, acho que quem busca viver o verdadeiro ecumenismo entende que a unidade não vem de cima, não é mesmo?
Vc bem sabe que não concordo com algumas declarações que a instituição IPB faz sobre a doutrina católica, e da mesma forma vc não concorda com algumas declarações que a instituição ICAR faz sobre os outros cristãos e suas doutrinas, mas por isso vamos parar?
Eu creio que não!
Os passos que demos rumo à santidade pela Graça presente em nossos diálogos, ninguém pode apagar!
O que temos crescido e amadurecido na fé com nossa ajuda mútua, ninguém pode nos roubar!
O que mais desejo é que tanto as lideranças católicas quanto as evangélicas tenham a oportunidade de experimentar um pouco do que temos vivido...
Não sei o que poderia acontecer...
Mas acho que se as lideranças se entendessem mais, talvez não tivéssemos tantos motivos para nos angustiar no que diz respeito à unidade dos cristãos.

Contudo, acho que o mais importante é não nos esquecermos de que antes da UNIDADE ser um desejo do nosso coração, ela é um desejo muito maior do próprio Cristo, cabeça do Corpo Mistíco.
Ainda que todos os homens do mundo desistissem do ecumenismo, Jesus jamais desistiria de ter sua Igreja Una, Santa e Católica (Universal).
É isto que me conforta: viver o ecumenismo é viver a Salvação.
Preciso de vc ao meu lado amigo, membro tão importante do Corpo...
Deus nos chama a caminhar juntos nessa pequena via, nos convida a ser amor no coração da Igreja...
Para tanto, Ele há de nos instruir e capacitar!
Um forte e silencioso abraço,