quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

A loucura da diferença...

Quero confessar uma dificuldade que tenho...
É extremamente difícil incentivar as pessoas a serem aquilo que elas devem ser em detrimento da vontade que tenho que elas sejam muito parecidas comigo.
Quando o outro é ele mesmo eu perco uma certa segurança sobre os seus atos. Não posso prevê-los e nem controla-los,
pois são distintos do que eu faria.
Me torno então um ser vulnerável a sucessivas surpresas,
e isso me amedronta...
Não é fácil lidar com a diferença do amigo e aceitar que tantas vezes ele está certo e eu errado nas minhas opiniões.
Não é fácil enfrentar situações de conflito porque dói...
Ser atingido pela diferença do outro dói!
Não ser correspondido na minha expectativa a cerca do outro dói!
Não ser amado do jeito que eu desejo dói...
A minha tendência é de me tornar um ser indiferente, superficial...
Tendo a viver os meus relacionamentos naquele jeito que me agrada ou que estou acostumado.
Não me arrisco! Não quero sofrer...
Mas aí me lembro de uma palavra de Jesus:
“Quem perder a sua vida a encontrará!”.
Respiro fundo e vou...
Com medo, dor, calafrios mas vou...
E nessas vezes que fui não deixei de sofrer,
mas o que ganhei não se explica!
Ganhei a diferença do outro, os problemas, as misérias, mas ganhei os talentos também...
Senti a sensação de que algo me completava...
E senti a sensação de eu completava algo...
E isso é simplesmente indizível!
Liberdade, alegria, choro, paz...
tudo se mistura de uma forma que sinto, verdadeiramente, a vida.
Penso que essa é a vida em abundância que Jesus quer me dá.
Um vida completada pelos talentos alheios...
E a cada novo talento que chega, a vida não é acrescida somente daquela parte que cabe a esse determinado talento...
Mas ele mistura tudo dentro de mim e me transforma de uma forma totalmente nova...
É uma outra vida que se processa no que sou, acrescenta e poda-me.
Passo a ser um novo ser ou passo a ser mais eu mesmo!
Talvez isso tudo seja uma loucura, mas nada no mundo é tão bom como viver nessa loucura.
Agora eu cheguei na parte que queria confessar.
Apesar de toda felicidade que alcanço quando me deixo atingir pela vida do outro, eu ainda me fecho...
Parece que esqueço de tudo...
Que desaprendo, num segundo, a lição da vida...
Insisto em encontrar no prazer da carne o sentido que está na quebra da própria carne...
O que fazer meu Deus?
Neste milésimo de tempo que a tua lucidez perpassa a minha alma eu te dou liberdade pra não me deixar esquecer que é perdendo a minha vida que a ganho...
Se eu não for atingido por Ti, através dos meus relacionamentos, não serei eu mesmo, não serei completo, não serei pleno...
Perderei a chance de viver o céu na Terra...
Que a tua graça, que ultrapassa minhas limitações, não me deixe esquecer disso tudo...