domingo, 17 de junho de 2007

Nossa hora, nossa vez

Os primeiros protestantes que desembarcaram no Brasil chegaram no final da primeira metade do séc XIX. O monopólio eclesiástico do catolicismo chegava ao fim. Isso significava um grande desafio: era o momento de lidarem com a diversidade cristã. Apesar de a constituição de 1824 prever a liberdade religiosa, os cultos protestantes só poderiam ser realizados nas casas. Isso era um pequeno indício de que os mesmos não estavam preparados para o que estava pra acontecer.

De início, a relação entre evangélicos e católicos foi bastante complicada. O preconceito era amplamente compartilhado. Ambos se viam como únicos detentores da verdade. Os católicos viam os evangélicos fora do Corpo de Cristo, enquanto os protestantes os consideravam a parte podre da Verdadeira e Única Igreja de Cristo. Enfim, o que imperava era uma relação de ódio, desconhecimento e profunda exclusão.

Com a novidade do ecumenismo, tanto por parte do Vaticano quanto do CMI - Conselho Mundial de Igrejas -, anuncia-se uma nova era na História do Cristianismo no Brasil: o período de reconciliação. Contudo, a proposta encontrou contínua resistência, apesar dos muitos adeptos, trazendo junto com a cordialidade mais confusão.

No decorrer desses anos, podemos dizer que o ódio se atenuou, graças ao Bom Deus! Poucas ofensas vemos atualmente. Nenhuma provocação séria, muito menos agressão física, como outrora era uma coisa quase natural. Podemos dizer que evoluímos - confesso que detesto esse termo, mas no momento o acho coerente.

Deixamos de ser odiosos para sermos indiferentes. Ninguém xinga ou ofende o outro. Os apelidos de mau gosto parecem ter sido esquecidos. As discussões maliciosas de pastores versus padres de alguma forma caíram no desuso. Agora a fórmula é diferente: você no seu cantinho e eu aqui, no meu.


Ninguém atrapalha o outro, mas também não ajuda. Não se ofende, mas não elogia. Precisamos romper com esse momento para entrar num outro: o da verdadeira aproximação. Menos de um relacionamento litúrgico ou institucional, sobretudo, de laços que perpassam nossas diferenças e amplie nossa capacidade mútua de proclamar Cristo, nosso Único Senhor e Rei.

Esta é a nossa hora e a nossa vez. Precisamos nos levantar diante de uma geração de cristãos acostumados com o isolamento. Convivemos perto do outro sem notá-lo. Sabemos de sua existência, porém, sem conhecê-lo. Todavia, Cristo nos chama para dar um passo além. Esse passo, creio eu, é uma aproximação...

Espere aí, meu querido leitor, tem uma coisa errada! Estou desde 25/05 tentando escrever esse texto e nunca acabo. Uma conclusão que já esquentou minha cabeça. Não consigui completar esse parágrafo de jeito nenhum. Enquanto isso, o Renato sempre me lembrava de terminar o texto. E eu, nada! Hoje percebo o porquê.

Ora, esta conclusão está inacabada. Sabemos o que fazer (nos aproximar mais, contribuir com o outro, reconhecer e etc...), mas não sabemos como. A finalidade é clara em minha mente, até sei por onde começar, porém, o desenvolver dessa nova etapa é algo novo pra mim e, acredito, pra todos nós. Resta-nos orar, entender, ouvir o que Deus tem para nós, nesse grande desafio da Unidade entre os cristãos. Estar aberto, sim, achei a expressão que queria, estar aberto para o desenvolver dessa unidade é a verdadeira tônica, da nossa hora e nossa vez.