segunda-feira, 26 de março de 2007

Uma triste poesia

A arrogância me desanima.
A intolerância me desatina.

A dúvida perpassa minha mente.

O desgosto surge de repente.

Pergunto, por que tudo isso?
Onde inventaram um Cristo dividido?
Por que tanto exclusivismo?

Pra quê tanto 'excluivismo'?

Diversidade que me desafia.

Unidade que me ilumina
Humildade, esta me inspira.
Amizade, me re-anima.

Um tapa é dado

Um rosto é virado
E o amor, quem sabe,
talvez,
um dia,

entre nós cristãos,
novamente,

compartilhado.


obs.: Um sentimento expresso por ler na internet ofessas entre cristãos de diferentes denominações.

obs1.: Postado em meu blog quinta-feira, 14 de dezembro, 2006: http://ccseu.blogspotcom

sexta-feira, 16 de março de 2007

A Unidade como fruto e caminho...

“A unidade é fruto da intimidade com Deus...” já dizia Sto Inácio de Antioquia, considerado pela Igreja Católica o doutor da unidade.

As vezes questiono qual o meu verdadeiro chamado enquanto um cristão que luta pela unidade da Igreja de Cristo. Será que meu dever é divulgar o ecumenismo defendendo-o com unhas e dentes? Hoje sinto que isso não é a essência do meu chamado...

João Paulo II em sua encíclica “UT UNUM SINT” disse que o primeiro passo para se viver a unidade é a conversão sincera do coração a Cristo. Não promovo o ecumenismo pelo simples fato de eu, católico, querer estar com irmãos evangélicos. Promovo o ecumenismo quando, de fato, acredito que ao estar com os irmãos evangélicos me aproximo mais de Deus. É essa convicção que incomoda e profetiza o amor nos dias atuais. As pessoas não devem enxergar em mim um Renato ecumênico, mas um Renato que busca a Deus mais que tudo e acredita que seu caminho de santidade passa pela unidade dos cristãos.

A unidade dos cristãos não é um fim! A unidade dos cristãos é um fruto... Entendo que ecumenismo, ou seja, a abertura para o diálogo e acolhimento de cristãos de outras denominações favorece à minha intimidade com o Pai e favorece também a intimidade dos outros cristãos com o Pai.

A Trindade Santa é o exemplo maior de Unidade para os cristãos. Arquétipo maior de união e amor não há! E eu só expressarei o amor dessa Trindade se eu estiver, também, unido à ela. Mas como unir-me a ela?

Se observarmos os versículos do capítulo 15 do evangelho de João encontraremos Jesus se auto denominando: “Eu sou a verdadeira videira” e assim nos convida, como bons ramos, a dar frutos estando em permanência com Ele. “Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto”, “se observais meus mandamentos permanecereis no meu amor”, “este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros”.

Compreendo com essas palavras de Jesus que a unidade dos cristãos é fruto desses ramos que se comprometem a estar unidos à verdadeira videira. Compreendo também que buscar a unidade através do ecumenismo (amor entre os cristãos) é uma porta para que eu me torne íntimo de Cristo e unido à Trindade.

Dessa forma, o amor que eu dispenso aos outros cristãos é ao mesmo tempo fruto da minha união com a Trindade e caminho para minha união com Ela.

Santa complexidade!
Plena simplicidade!

sexta-feira, 9 de março de 2007

Aquarela

No dia de hoje o Criador quer pintar uma paisagem, ela ilustra um lugar de muita paz e harmonia, porém em sua aquarela existem apenas cores primárias, as quais não conseguem criar por si só a intensidade de cores almejada pelo grande Pintor.

A solução encontrada para tão feito é então a união dessas cores, mas a princípio elas não querem se misturar, pois assim perderiam as suas propriedades, seu valor intrínseco e sua própria textura e brilho, acreditavam perder o seu valor! Mas frente à tamanha habilidade do Pintor as cores passam, uma a uma, a abrir mão de suas próprias vontades! O amarelo que se julgava ser mais intenso que o vermelho confia e se lança às pinceladas, se unindo à outra cor, formando o tão atraente laranja.

No final do trabalho, na última pincelada, o maior Pintor de todos os tempos suspira e agradece a cada uma das cores por terem sido tão humildes, por deixarem ser usadas para uma causa tão nobre, tão única! As cores já desfiguradas de si mesmas não se atem ao seu próprio brilho, mas louvam ao Pintor por tamanha beleza retratada em traços tão precisos!

Que possamos nos doar como as cores, no intuito de construir algo novo, nunca visto antes, com todas as diversidades de cores e dons, carismas e brilhos! Que nos entreguemos ao ideal maior, o da evangelização. Seja ele dado pelos traços de um Pintor ou por círculos de amigos! Misturar as cores não nos representa perder as propriedades, mas ganhar novas atribuições, novos tons. Que o Senhor nos instrua na construção de algo maior, que nos confie mais cores, mais pessoas para que o reino possa ser visto pela maior multiplicidade de dons individuais, que no final possamos ser um em todos!

quinta-feira, 8 de março de 2007

Pecado Original X Unidade dos Cristãos

A verdade é que carregamos muito mais marcas do pecado original do que imaginamos...

Neste momento tento fazer um paralelo entre o pecado original, ou seja, o desejo humano de ser como deuses, versados no bem e no mal e a falta de unidade dos cristãos. Faz sentido esse paralelo? Existe alguma relação entre eles?

Não é difícil constatar que a maioria das divergências existentes, hoje, entre os cristãos não se deve ao fato de uma das partes sair em defesa da essência do Evangelho. Percebemos, lamentavelmente, que existe uma busca pela defesa de idéias próprias em detrimento do amor proposto por Jesus. E de onde vem essa vontade de defender nossas próprias idéias?

De fato o orgulho e a vontade de ser como deuses estão inscritos em nossos corações. Na queda foi-se nossa confiança plena na providência Divina. Hoje não queremos perder. Queremos ser conhecedores do bem e do mal. Queremos estar por cima. Queremos controlar o que está em nossa volta. Não queremos depender de ninguém. Queremos ser donos da verdade. Queremos que todos sejam iguais a nós!

Como é triste e enganosa a idéia de que serei feliz à medida que todos passarem a pensar e a agir como eu. Mas não é só parar pra pensar um pouco e lembrar que Deus cria cada ser humano de uma forma completamente única? Então não viveremos também de uma forma completamente única?

Não pretendo com esse argumento relativizar os ensinamentos de Cristo. Não quero dizer que por sermos únicos devamos ter, também, uma idéia própria a cerca de Jesus e viver o cristianismo do jeito que acharmos melhor. Não é isso! Para tanto me recorro a uma palavra simples, mas que expressa o que todo cristão, sem exceção, precisa viver ou pelos menos buscar viver com toda sua força: amor.

O amor é capaz de quebrar esse nosso desejo de ser Deus! O amor nos coloca em nosso devido lugar de criatura. O amor nos mostra que nos realizamos quando aceitamos a vocação de sermos santos e entendemos que mesmo diferentes somos filhos do mesmo Pai. O amor nos ajuda a olhar para o estranho como uma possibilidade de conhecer mais do nosso insondável Criador.

Então não mais precisaremos impor nossas idéias e opiniões. O que vale mais é o amor! Vale mais o próprio Deus! Vale mais Jesus e seu sacrifício salvífico! Vale mais a liberdade que experimentamos quando íntimos do Senhor. Vale mais o entendimento do chamado a carregar a cruz, dia após dia, e seguir Jesus. Nada será capaz de mudar a nossa opinião sobre nós mesmos quando Deus mesmo nos revelar quem somos.

Conversão e paciência é o que precisamos! Deus nos revela quem somos e nos instrui no caminho para vivermos o sentido de própria vida. Instrui-nos também pra vivermos o sentido da dor e da morte. Não precisamos nos agarrar em nossos sonhos e ideais. Não precisamos nos prender aos nossos modos de ver o mundo. Não precisamos zelar exageradamente pela nossa existência e temer a nossa dependência dos outros. Deus cuida de nós! Se Ele cuida das aves do céus e das flores do campo, quanto mais cuidará de nós que somos seus filhos, criados à sua imagem e semelhança.

Não sejamos mais uma vez enganados pelo diabo que nos diz que precisamos impor nosso jeito de viver, inclusive nosso jeito de viver o cristianismo. Ele fomenta nossa intolerância. Nos ensina a julgar o próximo. Nos incentiva a sermos melhores, melhores, melhores, não importando se pra isso tenhamos de passar por cima de outros cristãos.

Não Diabo! Você não vai mais nos enganar! Não cairemos nas suas garras, pois fomos comprados pelo precioso sangue de Cristo e libertos das armadilhas do inferno. Já demos o nosso sim para a misericórdia de Deus e pela Graça não voltaremos a traz! Não comeremos novamente o fruto proibido. Seremos UM para glória de Deus. Novo céu e nova terra virão cheios de paz, muita paz...

sábado, 3 de março de 2007

Entre o sonho e o medo

A um tempo atrás estava bastante empolgado quando assunto era ecumenismo. Não que hoje eu não esteja. Porém, antes parecia algo ingênuo, como um sonho sem reflexão. Imaginava dezenas de eventos, diálogos e discussões. Pensava mil e uma atividades entre irmãos. Enfim, estava sempre pensando uma forma de fazer alguma coisa em prol da unidade entre os cristãos.

O interessante é lembrar que a cada novidade estava presente algo que desmotivava. Como se perto do sonho estivesse um pesadelo bem próximo. Lembro que por vários momentos pensei em desistir. Principalmente quando vinha à minha mente a realidade de nossas diferenças e as possíveis oposições que eu poderia encontrar.

Mas para cada agente desmotivador aparecia uma esperança. E o ciclo recomeça: ânimo, desânimo e uma nova motivação. Não sei até quando vai ser assim. Tem pouco tempo que estou nesse barco. Tudo é novo. Novidades nos trazem boas expectativas, mas ao mesmo tempo, receios e mais receios.

Quero ser motivado por aquilo que me chamou a atenção no início: a amizade. Chegaram perto de mim pessoas que queria ser meus amigos. E para isso eles não perguntaram sobre o que eu pensava sobre a intercessão dos santos. Aproximaram de mim com um interesse único: crescermos juntos e caminharmos firmes na Esperança que fomos chamados.

Mas é difícil. A incompreenção dos outros gera julgamentos precipitados. Com isso somos trucidados e entristecidos. E o que era óbvio - a amizade, por exemplo - vai sendo relativizada. Aí vem pensamentos como: "posso ser amigos deles sem caminhar com eles". Ou: "não precisa ser ecumênico pra ter amigos católicos".

Ora, isso não faz sentido. É impossível eu ser amigo de um cristão e não falar de Cristo. Isso é incoerência. Digo mais, é diabólico. Não quero isso pra mim. Se sou tão enriquecido próximo dos meus amigos católicos, por que parar? Por que voltar à superficialidade. Não! Eu digo não a esses pensamentos.

Decido enfrentar meu medo. Não sozinho, pois tenho Deus que habita em mim, através do Espírito Santo. E este é o vínculo da paz, da unidade. Aquele que me conforta diante de tanta confusão. Tenho também amigos, que me motivam, que oram (ou rezam) por mim.

E concluo: entrei num caminho sem volta. Pela Graça de Deus, vou continuar. Com medo ou sem medo, fico com a Esperança da minha vocação. Com oposição ou não, fico com a força do Espírito; entre as diferenças e as semelhanças, fico com a última. Que no caminho da Graça olhemos para frente, despojando nossos receios: rumo à vontade do Pai.

Um abraço, com muito carinho.