sábado, 3 de março de 2007

Entre o sonho e o medo

A um tempo atrás estava bastante empolgado quando assunto era ecumenismo. Não que hoje eu não esteja. Porém, antes parecia algo ingênuo, como um sonho sem reflexão. Imaginava dezenas de eventos, diálogos e discussões. Pensava mil e uma atividades entre irmãos. Enfim, estava sempre pensando uma forma de fazer alguma coisa em prol da unidade entre os cristãos.

O interessante é lembrar que a cada novidade estava presente algo que desmotivava. Como se perto do sonho estivesse um pesadelo bem próximo. Lembro que por vários momentos pensei em desistir. Principalmente quando vinha à minha mente a realidade de nossas diferenças e as possíveis oposições que eu poderia encontrar.

Mas para cada agente desmotivador aparecia uma esperança. E o ciclo recomeça: ânimo, desânimo e uma nova motivação. Não sei até quando vai ser assim. Tem pouco tempo que estou nesse barco. Tudo é novo. Novidades nos trazem boas expectativas, mas ao mesmo tempo, receios e mais receios.

Quero ser motivado por aquilo que me chamou a atenção no início: a amizade. Chegaram perto de mim pessoas que queria ser meus amigos. E para isso eles não perguntaram sobre o que eu pensava sobre a intercessão dos santos. Aproximaram de mim com um interesse único: crescermos juntos e caminharmos firmes na Esperança que fomos chamados.

Mas é difícil. A incompreenção dos outros gera julgamentos precipitados. Com isso somos trucidados e entristecidos. E o que era óbvio - a amizade, por exemplo - vai sendo relativizada. Aí vem pensamentos como: "posso ser amigos deles sem caminhar com eles". Ou: "não precisa ser ecumênico pra ter amigos católicos".

Ora, isso não faz sentido. É impossível eu ser amigo de um cristão e não falar de Cristo. Isso é incoerência. Digo mais, é diabólico. Não quero isso pra mim. Se sou tão enriquecido próximo dos meus amigos católicos, por que parar? Por que voltar à superficialidade. Não! Eu digo não a esses pensamentos.

Decido enfrentar meu medo. Não sozinho, pois tenho Deus que habita em mim, através do Espírito Santo. E este é o vínculo da paz, da unidade. Aquele que me conforta diante de tanta confusão. Tenho também amigos, que me motivam, que oram (ou rezam) por mim.

E concluo: entrei num caminho sem volta. Pela Graça de Deus, vou continuar. Com medo ou sem medo, fico com a Esperança da minha vocação. Com oposição ou não, fico com a força do Espírito; entre as diferenças e as semelhanças, fico com a última. Que no caminho da Graça olhemos para frente, despojando nossos receios: rumo à vontade do Pai.

Um abraço, com muito carinho.

6 comentários:

Anônimo disse...

Interessante como tantos pensamentos, semelhantes aos seus,passam por minha mente também no tocante ao ecumenismo. É estranho como parece que a cada vez que se tenta dar um passo a frente, somos tentados a também dar um passo atrás... e muitas vezes, parece que continuamos no mesmo lugar...
Isso me faz lembrar uma frase de um padre espanhol, que dizia o seguinte: "Vens dizer-me que tens no teu peito fogo e água, frio e calor, paixõezinhas e Deus..., uma vela acesa ao Arcanjo Miguel e outra ao diabo. Sossega; enquanto quiseres lutar, não haverá duas velas acesas no teu peito, mas uma só - a do Arcanjo."
Caro amigo, você não caminha sozinho nesse caminho... Prossigamos juntos, nesse caminho da amor fraterno e da compreensão mútua... E Deus continuará se revelando aos nossos corações...
Um abraço do amigo,

will jesse dias disse...

Sou o Will, sou Batista, e amigo do Gustavo. Muito bom Gustavo, Renato e cia! Concordo mto com vc na questao da amizade Gustavo, isso tem me constrangiso bastante ultimamente. Tenho lido mto de C.S. Lewis ultimamente e aprendeido bastante sobre isso. Ele fala com uma naturalidade singular sobre essa unidade. Alias, era um grande amigo de J.R.R Tolkien, q era catolico.

GB Silva disse...

Esse é o Will, meu grande e querido amigo.

Abração pra vc

Anônimo disse...

Pois é Gustavo. São pessoas como você é que fazem diferença. "Em terra de fugitivo, quem anda na direção contrária parece estar fugindo". Que o Nosso Senhor te abençoe

Renato Luiz disse...

Esse é meu amigo Marconi! Hehehehehehe...
Que bom que vc apareceu por aqui moço!
Gosto muito de ouvir sua opinião!
Forte abraço...
Deus te abençoe e instrua no amor e unidade!

lisieux disse...

Pois é, amado! Esse caminho NÃO TEM VOLTA, graças a Deus! também eu entrei nele, cheia de medos e angústias, de questionamentos e incoerências... mas, ao longo do caminho, vou erguendo pontes, estreitando laços, destruindo barreiras, construindo "saberes"... e, a cada dia, sou mais cristã no sentido genuíno da palavra e mais Metodista, porque não perco a minha identidade confessional justamente porque vou perdendo o medo de me unir ao diferente, valorizando os pontos em comum.
Adorei o blog! Repassei-o aos colegas de Faculdade que estudam comigo a matéria Ecumenismo.
Carinhoso e fraterno abraço.
lisieux